Trabalho e treino: uma combinação possível, em Águas de Lindóia

Trabalho e treino: uma combinação possível, em Águas de Lindóia

"Passei uma semana em Águas de Lindóia, durante o II Encontro do Programa Ler e Escrever - da Secretaria de Educação do Estado. Sou uma das coordenadoras do Programa, fui uma das responsáveis pelo planejamento deste II Encontro e sabia que seriam dias de intenso trabalho. Por outro lado, tenho uma prova de meio-ironman (1,9 km de natação, seguidos de 90 km de ciclismo, finalizados por 21 km de corrida) no dias 29 de agosto, estou inscrita no Ironman 2010 e não podia suspender os meus treinos.

Há dois anos e meio tenho esta vida dupla, ou melhor, tripla: sou diretora de uma fundação ligada à Secretaria de Educação no horário comercial, nos outros períodos me divido entre ser mãe de quatro meninos e triatleta amadora.

Estava temerosa desses cinco dias lá. Como iria conseguir conciliar o trabalho e continuar treinando em um lugar diferente do que estou habituada? Para quem decide fazer triathlon, a rotina é fundamental. Mais do que uma rotina, é uma vida espartana. Alimentação, descanso e treinos são pontos de apoio para o convívio familiar, da (pouca) vida social e da atividade profissional.

Então, quando vislumbrei essa tal semana em Águas, me apavorei. "Não vou conseguir treinar direito, daí não dormirei bem, como conseqüência não vou ser produtiva, ficarei ansiosa, vou acabar comendo tranqueira e assim vai por Águas abaixo o treinamento de meses! Fora o mau humor, é claro!" Mesmo assim, levei os equipamentos necessários pro caso de conseguir treinar.

E consegui. Tive de mudar os horários e adaptar a planilha, mas treinei, e treinei bem.

A cidade de Águas de Lindóia é surpreendentemente convidativa para quem quer treinar. Na minha planilha, o treino de pedal na terça seria 7 subidas da Química na USP. Fiz uma pergunta aqui, outra ali para descobrir qual o melhor percurso e, na madrugada de segunda para terça-feira, me levantei antes do sol nascer e pus-me a escalar o Morro Pelado com a minha magrela. A inclinação deste Morro, muito maior do que a da USP. Sofri, mas fiz um belíssimo treino de subida.

Na quarta-feira, dia de corrida, também me levantei antes das galinhas e fui dar umas voltas em volta do laguinho. Ali, onde a volta é exatamente de 1 km. Ótimo porque pude marcar diretinho o meu ritmo. Quase tão preciso quanto correr na esteira com a vantagem de estar ao ar livre (e limpo!) do interior.

Na quinta-feira, fiz diferente. Na viagem de ida a Águas fiquei morrendo de vontade de descer do carro e ir fazendo a estrada na bicicleta. O caminho parecia tão bom! Encaixei este treino na hora do almoço. Saindo de Lindóia (porque na serra que liga as duas cidades o acostamento não está muito bom) fui até Itapira e voltei. Sensacional! Asfalto liso, paisagem que descansa os olhos, curvas abertas, subidas e descidas suaves, vento contra na ida e a favor, na volta. Melhor, só se eu tivesse minha turma comigo! Mas eles, pobrezinhos, nem puderam treinar porque enquanto o tempo estava lindo em Águas, em São Paulo eram só águas caindo sem parar.

Na sexta, corridinha novamente em volta do laguinho e alongamentos na pracinha. O lugar é tão tranqüilo que pude deixar minha garrinha de isotônico num banco e a cada três quilômetros parava pra dar um gole. As pessoas passavam mas ninguém mexia. Imagina se posso fazer isso na USP ou no Ibirapuera!

Não descobri um bom lugar para nadar. A piscina do hotel era aquecida demais para quem quer nadar num ritmo mais forte. Quem sabe, da próxima vez, eu consigo um lugar pra natação também.

Sem dúvida, a cidade de Águas de Lindóia, com seu clima, sua geografia e sua estrutura, foram fundamentais para que eu conseguisse manter minha rotina de treinos. Assim, pude sobreviver aos cinco dias bem melhor do que imaginava. O convívio com uma multidão de pessoas (mulheres, bem falantes) quase todo o tempo no horário de trabalho foi cansativo, mas tornou as sessões de treino ainda mais especiais. Foram "momentos-oásis".

Certamente, nos próximos encontros de trabalho ficarei mais tranqüila: já sei como e onde treinar."

Claudia Rosenberg Aratangy, 45, Diretora de Projetos Especiais da FDE, mãe de quatro filhos e triatleta amadora. Para saber mais acesse meu blog http://ironmanumainsanidade.blogspot.com/

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